TEMAS:
- Alimentação das cadelas durante a gestação
- Nutrição animal considerações
- Fome e habito de roer dos cães
- Intoxicação por ingerir Chocolate
Quando se pensa em acasalar uma cadela, um fator muito importante deve ser levado em consideração: a alimentação, já que das boas condições físicas da mãe dependerá o nascimento de uma ninhada forte e saudável. Os cuidados alimentares devem ter início antes mesmo do acasalamento e prosseguirem, pelo menos, até o desmame dos filhotes, pois a cadela precisará de muita energia durante a amamentação.
A fêmea não deve estar gorda quando cruzar e não pode receber gorduras na alimentação. A obesidade em uma cadela grávida pode ter conseqüências sérias. Por exemplo, no caso de haver necessidade de um parto por cesariana, a gordura atrapalha muito.
A cadela em gestação tem necessidade de muitas proteínas e uma complementação alimentar de cálcio e sais minerais. As proteínas podem ser encontradas nos próprios alimentos como a carne, o leite, verduras ou ração. No entanto, o cálcio e os sais minerais como ferro, cobre, flúor, manganês e outros, só devem ser ministrados com orientação do veterinário. O proprietário deve estar sempre atento para que a cadela tenha água limpa e fresca à vontade.
Com o passar do tempo, os filhotes começam a crescer no útero da mãe. Este se distende e passa a ocupar um espaço maior. Isso faz com que o útero acabe por deslocar outros órgãos como a bexiga, o intestino e o estômago, provocando uma diminuição do movimento intestinal. Nesse período da gestação é importante evitar que a cadela receba alimentos que possam aumentar a fermentação em seu organismo. Assim, os farináceos devem ser totalmente evitados, pois propiciam a formação de gases e, como conseqüência, aparecem as cólicas intestinais.
Com o passar dos séculos, o homem trouxe para sua companhia os animais, ou com finalidade de trabalho ou para fins alimentares. Desde esses tempos, o ser humano teve que se preocupar em como manter esses animais, mesmo que um rebanho estivesse livre em um campo. Surge então, junto à domesticação, o processo de alimentação animal. E, com o passar dos tempos e avanço das Ciências, a simples alimentação animal já dava lugar ao estudo da nutrição animal.
Tem-se que estar consciente de uma pequena diferença: alimentação e nutrição. Grosso modo, alimentar é apenas a ingestão de alimento, suprindo as necessidades psíquicas (fome); já a nutrição busca, além da alimentação, suprir todos os requisitos do organismo, ou seja, fornecer os "combustíveis" adequados ao funcionamento correto deste. Assim sendo, deve-se ter uma preocupação considerável com a parte nutricional.
Atualmente, há um grande cisma sobre o assunto. Há quem defenda veementemente ministrar apenas ração; outros estudiosos, porém, condenam veementemente a ração e lançam a validade apenas da alimentação natural. Há também, claro, quem permaneça em um meio termo. Todas as teorias tem sua validade e também defeitos. Uma alimentação natural pode não suprir as necessidades nutricionais do animal, caso seja preparada inadequadamente, ao passo que uma ração de baixa qualidade pode, além de não nutrir, prejudicar o organismo.
O maior intuito de consumir alimento é fornecer a energia necessária às células, para que possam desempenhar seus diversos papéis no organismo. Cada aparelho ou sistema possui células com papéis específicos que necessitam, portanto, de nutrientes específicos ou quantidades específicas de energia para seu funcionamento.
A energia contida nos alimentos pode ser dividida em duas categorias: energia bruta e energia metabolizável. A energia bruta é a energia total contida no alimento; a energia metabolizável é aquela que pode ser aproveitada pelo organismo. Ao longo da evolução, os diversos animais desenvolveram necessidades diferenciadas, intimamente ligadas ao modo de vida. Um coelho tem necessidades nutricionais diferentes das de um cão, que por sua vez possui necessidades diferenciadas em relação a um gato. Com isso, a capacidade de metabolizar a energia de um mesmo alimento também se diferencia, ou seja, a energia de uma fruta é metabolizada de forma diferente em um cão e no ser humano, por exemplo. Esse fato também está ligado ao desenvolvimento fisiológico: como exemplo cita-se o fato de, em carnívoros, o comprimento dos intestinos influenciar na quantidade de alimento por ele degradado (e metabolizado), ou seja, o homem consegue degradar mais um mesmo alimento em relação a um cão, pois o comprimento do intestino deste é bem inferior ao daquele.
Levando-se em conta essas considerações, diversas pesquisas chegaram às quantidades desejáveis de cada nutriente na alimentação diária. O intuito desse texto não é defender marcas de rações ou quais alimentos frescos oferecer. Caberá ao leitor, em conjunto com um Médico Veterinário de confiança, estabelecer qual o melhor alimento para o cão em questão. Dá-se, apenas, uma noção geral sobre o que deve constar na alimentação. Caso o leitor opte por ração industrializada, escolha aquela que possua em seus ingredientes carnes leves e vegetais, pois rações derivadas apenas de farináceos podem não oferecer nutrição adequada e, por ventura, prejudicar o organismo; optando por alimentação fresca, veja quais desses são de preferência do animal e, junto com o Médico Veterinário, trace um cardápio que balanceie os nutrientes.
Fome e habito de roer dos cães
Devido o rápido desenvolvimento corporal dos cães, bastando para realçar esse fato citar-se que um cão atinge seu completo desenvolvimento e maturidade com apenas 1 e meio a dois anos, torna necessário portanto, que os cães sejam alimentados de forma intensiva, principalmente em sua primeira infância (do nascimento ate os 4 meses de idade), e que essa alimentação seja balanceada (contenha todos os elementos necessários, tais como sais minerais, aminoacidos (proteínas), essenciais, gorduras, hidratos de carbono, vitaminas e micro-elementos em geral). Resumindo, a ração (comida), além de completa em seus constituintes deve ser também na quantidade necessária (nem excessiva que possa causar obesidade, nem insuficiente que venha causar outros malefícios decorrentes.
Esse preambulo foi necessário, a fim de ser entendido no que procurarei agora explicar, quanto ao fato da maioria dos filhotes cães, apresentarem esse habito de roerem objetos que lhes estejam ao alcance, como sapatos, chinelos, pés de mesa, brinquedos de crianças que lhes sejam acessíveis, etc.
HABITO DE ROER: Surge as vezes quando o cão é recém desmamado (30 a 45 dias de idade), e nesses casos duas razões são as determinantes:
Ou a alimentação esta incompleta em seus constituintes, ou a sua quantidade é insuficiente.
Alguma doença concomitante, como verminose, que está determinando como participarão pelos vermes contidos em seu aparelho digestivo na sua alimentação. Em alguns casos, muito especiais, pode existir alguma causa orgânica ou fisiológica, que esteja impedindo a perfeita assimilação do alimento, que embora sendo servido ao animal, este ano tem capacidade para sua assimilação e aproveitamento para seu desenvolvimento.
No primeiro caso anterior, basta corrigir o que estiver errado na alimentação, ou substituindo a qualidade da ração ou sua quantidade. Já no segundo, o tratamento para correção desse habito, basta ser administrado o vermífugo indicado, quando a causa seja uma verminose, ou tratamento da moléstia nos caso. Por ocasião da muda da dentição de leite pela permanente, ocorre freqüentemente também esse hábito de roer, motivado pela irritação causada às gengivas pelos novos dentes aflorando e empurrando os dentes de leite. Recomenda-se em todos os casos, prévio exame parasitológico de fezes, para saber-se as espécies de vermes que estejam parasitando o animal, afim de possibilitar a administração do vermífugo que melhor se preste para tal verme parasita.
O habito de roer, aparece na maioria dos casos, por ocasião da muda dos dentes (entre 3 meses e meio até 6 meses de idade, variável conforme a arca do animal). Os dentes da dentição definitiva nos cães, que estão para vir substituir a primeira dentição (chamada de leite), ao irromperem na gengiva provocam dor e forte necessidade do cão morder, e para isso e necessário algum objeto duro, motivo pelo qual os cães nessa idade procuram alguma coisa para isso, e habitando nossas casas , serão os objetos que lhes estejam acessíveis, tais como nossos chinelos, pés de mesa, etc !!! O que fazer nesse caso? Simplesmente fornecendo-lhes algo de consistência dura e firme, como um osso ou mesmo algum objeto de borracha, como fazemos com nossos bebes nessa fase, dando-lhes chupetas ou o clássico anel de borracha para ser mordido.
O dono do cão, com ele convivendo e assim tendo oportunidade de o observar dioturnamente, e a pessoa mais indicada para informar ao profissional Veterinário os hábitos do seu cão, e assim, orientar da melhor forma de corrigir esse habito da infância , que caso ano seja corrigido quando o cão e ainda jovem, dificilmente o será na idade adulta, pelo fato de na idade adulta quando não corrigido na infância, haver se tornado efetivamente habito !!!
Recomenda-se portanto aos proprietários de cães duas coisas:
Observação de como o habito se instalou e as possíveis causas determinantes (alimentação, muda de dentes?)
Quais os alimentos (ração) dados ao animal? E suas quantidades nas diferentes épocas de seu desenvolvimento?
Com essas informações um Veterinário competente tem os meios para o diagnóstico da causa, e correção (quando possível) do vicio.
Intoxicação por ingerir Chocolate
Sempre que chegam épocas festivas como Natal, Reveillon e Páscoa, sem contar os aniversários e outros temas afins, nós, Médicos-veterinários alertamos nossos clientes que eles devem evitar dar guloseimas dessas festas para seus cães ou gatos.
Na época da Páscoa, onde “brota” chocolate por todo canto, é a fase crítica para intoxicação por chocolate em cães!! Chocolate não faz bem à cães. É muito perigoso e pode levar ao coma e até mesmo à morte.
O chocolate tem em sua composição uma substância chamada Teobromina (encontrada no cacau), que são rapidamente absorvidas após ingestão oral e são estimulantes poderosos do sistema nervoso central e do coração. A Teobromina provoca um intenso aumento no trabalho muscular cardíaco associado à uma grande estimulação do cérebro, ocasionando arritmias cardíacas graves em cães.
A concentração dessa substância no chocolate pode ser de 3 a 10 vezes maior do que na cafeína, por exemplo e a quantidade dela para intoxicar gravemente um cão é calculada em torno de 100 a 200 mg/kg. Porém, há relatos de sintomas de intoxicação, como vômitos e diarréia, com ingestão de apenas 20mg/kg; e também há relatos de sintomas de efeitos cardiotóxicos com ingestão de 40 a 50 mg/kg de chocolate. Há, ainda, relatos de efeitos drásticos com a ingestão não só de chocolate em barra, mas também de chocolate em pó dissolvido em leite e oferecido à cães.
Geralmente, os efeitos clínicos dessa intoxicação são percebidos entre 6 a 12 horas após a ingestão do chocolate. Os sintomas iniciais são: aumento da ingestão de água, vômito, diarréia, dilatação abdominal e inquietação (incômodo, agitação). O quadro pode evoluir para hiperatividade, aumento do volume urinário, ataxia, tremores e estado de apreensão. E, mais fatidicamente, aumento da frequência dos batimentos cardíacos (taquicardia), aumento dos movimentos respiratórios (taquipnéia), azulamento das mucosas (cianose – falta de oxigenação nos tecidos), hipertensão, aumento da temperatura corpórea e o quadro pode, enfim, evoluir para hipotensão, queda da temperatura corpórea, coma e morte.
Ainda há o fato de que, como o chocolate possui grande quantidade de gordura, o pâncreas também sofre importantes danos.
O tratamento é difícil, objetivando a estabilização das funções vitais do organismo de acordo com a sintomatologia que está ocorrendo.
Bom, como os casos de ingestão de chocolate podem ocasionar fins drásticos, o melhor é evitar que seu cão coma chocolate. E essa dica não está restrita apenas à época da Páscoa, mas à todos os dias do ano.
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